Direito a uma vida sem violência: campanha de empoderamento da Mulher Rural

Aos 15 anos ela casou. Com 22 anos, já tinha três filhos e um longo histórico de violência doméstica. Cansada, decidiu fugir com os pequenos e iniciar uma nova vida. Hoje, aos 47 anos, a agricultora familiar Tatiana Siqueira Muniz é exemplo de superação e diretora financeira da Rede Xique Xique, um grupo que busca fortalecer as unidades familiares, cooperativas, associações e grupos guiados pela economia solidária, pela agroecologia e pelo feminismo. O Xique Xique está presente em três estados do Nordeste: Ceará, Rio Grande do Norte e Maranhão.

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Tatiana conta que saiu do município Macau, no Rio Grande do Norte, onde moravam seus familiares, e desembarcou em Areia Branca, no mesmo estado, sem conhecer ninguém. Trabalhou em um restaurante sem salário em troca de moradia e comida. “Eu me sentia muito agradecida por ter onde morar com os meus filhos. Para ter uma renda, fazia faxinas e lavava roupas”, lembra.

A sua visão de mundo e situação econômica começou a mudar em 2009, quando já morava em Tibau do Norte, e conheceu um movimento de mulheres atuantes na região.  Na época, ela conta que trabalhava com pescado e participava da organização de uma feira na sua cidade, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (atual Secretaria Especial do Desenvolvimento Agrário, Sead) e da Emater/RN. “Até então, eu fazia parte de um grupo e não participava das reuniões.  Foi aí que comecei a ver a vida de outra forma. Eu tinha vergonha até de dizer o meu nome”, conta.

Foi nessas reuniões que a agricultora conheceu mulheres com a mesma história vida e que haviam superado. “Eu vi que eu tinha forças para contar a minha história e também superá-la”, diz.

A renda de Tatiana hoje vem da criação de galinhas e do pescado. Conforme a agricultora, ela segue o ciclo da natureza. “Pesco na época apropriada e crio galinhas. Atualmente, com a seca, é da criação de galinhas que vem a minha renda mensal de R$ 1.200”, diz. As galinhas são vendidas em cestas junto com outros produtos da agricultura familiar na feira semanal do município vizinho de Mossoró.

A agricultora já participou das compras institucionais do Governo Federal por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e do Programa Nacional de Aquisição de Alimentos (PAA). “Foi entre 2013 e início de 2015. Eu conseguia tirar um salário mínimo com essas vendas”, destaca.

Reconhecimento
A história de Maria e de outras mulheres rurais brasileiras ganham destaque durante os “17 dias de Campanha pelo Empoderamento das Mulheres Rurais”. A ação internacional abrange o período de 1º a 17 de outubro e tem com um dos objetivos dar visibilidade para direitos e experiências positivas na promoção dos direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.

No Brasil, a campanha é liderada pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). São parceiros a Plataforma de Conhecimento sobre Agricultura Familiar da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); o Instituto Nacional da Mulher do Ministério do Desenvolvimento Social (MIDES) do Uruguai; o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca Uruguai, através da sua Direção Geral do Desenvolvimento Rural; o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina; a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf) do Mercosul e da Unidade para a Mudança Rural (UCAR) da Argentina.

Saiba Mais: https://goo.gl/Z8FjcH

Texto: Flávia Dias
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
Assessoria de Comunicação
Contatos: (61) 2020-0123 e imprensa@mda.gov.br