NUTRICAST UNESP – Qualidade do rótulo e seus impactos: Percepção dos cidadãos uruguaios sobre mensagens de promoção da alimentação saudável por meio do uso de advertência nutricional

Por Gabriela da Silva Formoso

 

A presente discussão trata de um fenômeno que vem acontecendo com grande parte da população mundial, o aumento do sobrepeso e da obesidade na população, o qual acarreta um aumento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) e da mortalidade desses indivíduos, sendo assim os países enfrentam um grave problema de saúde pública. A responsabilidade desse efeito é dada a transição alimentar que ocorreu junto com a globalização e industrialização. Nesse processo,  os alimentos passaram a ser vistos como produtos, logo a alimentação que era composta, em sua maioria, por alimentos in natura ou minimamente processados, passou a ser substituída por alimentos ultraprocessados, os quais são ricos em açúcar livre, gorduras totais, gorduras saturadas, e sódio. Logo, há a necessidade dos governantes se mobilizarem para criar políticas públicas capazes de frear esse fenômeno, fazendo campanhas de promoção e prevenção à uma alimentação saudável e equilibrada.

Uma das iniciativas para frear o alto consumo desses produtos é a mudança no rótulo dos mesmos, uma vez que hoje eles são muito chamativos, e contém informações nutricionais pouco claras, servindo para confundir o consumidor, e deixá-lo menos informado sobre a qualidade nutricional do produto a ser escolhido. Sendo assim, alguns países estão criando normativas para a mudança dos rótulos, para que os consumidores comprem os produtos sabendo de forma clara e fácil o que eles têm na sua composição, e quais os impactos para a saúde. Pesquisas mostraram que quando os consumidores viam avisos nutricionais nos rótulos eles eram desencorajados a comprar aqueles produtos com os avisos, logo mostrando como uma ação na hora da compra pode ser muito mais eficaz, pois atinge uma grande parcela da população.

Pensando nisso, o Uruguai, país com grande prevalência de sobrepeso e obesidade, aprovou a implementação obrigatória de advertências sobre a alta quantidade açúcar, gorduras totais, gorduras saturadas e sódio em produtos processados embalados, e para que essa intervenção tivesse o maior sucesso foi realizado uma pesquisa que buscou entender de qual maneira esses avisos teriam melhores impactos na alimentação da população uruguaia. Foi questionado sobre como deveria ser o design e a formato dos rótulos e anúncios através de uma pesquisa realizada por mídias sociais, e encontrou-se como resultado que os uruguaios preferiam anúncios curtos, de fácil entendimento, informativo, e que gerasse um pensamento crítico. Além disso, foi possível observar que ele seria mais popularizado caso falasse da saúde da família, como um todo.

Assim, as questões sobre as mudanças nos rótulos entraram em pauta há poucos anos, e por isso não existem tantos estudos que falem sobre como esses devem ser feitos, ou que tenha escutado a população para entender suas demandas. O caso do Uruguai é importante por ter sido feito em um país com alta prevalência de sobrepeso e obesidade é muito relevante, pois as respostas obtidas da população, possivelmente também serão úteis para os países em que as taxas não são tão altas, representando mais uma vez sua importância para o próprio país, e para outros países, no combate a má alimentação, e ao excesso do consumo de produtos ultraprocessados na alimentação das pessoas.

 

Gabriela da Silva Formoso

Texto elaborado para a disciplina “Teoria e Prática da Comunicação” – Curso de Nutrição do Instituto de Biociências de Botucatu – UNESP