Esta notícia aborda os principais pontos apresentados por Robert H. Lustig, Laura A. Schmidt e Claire D. Brindis no artigo The toxic truth about sugar publicado na revista científica Nature em fevereiro de 2012.
No ano passado, a Organização das Nações Unidas (ONU) declarou, pela primeira vez, que as doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como as doenças cardiovasculares, câncer e diabetes, posam como o maior problema de saúde no mundo quando comparadas às doenças infecciosas.
Esta situação não é especifica de países desenvolvidos, mas países que adotam o padrão alimentar ocidental, caracterizado pela alta presença de alimentos industrializados a baixo custo.
O desenvolvimento econômico de países de baixa e média renda tem elevado a expectativa de vida da população, aumentando assim a susceptibilidade para as DCNTs.
Acredita-se que a obesidade é a principal causa das DCNTs, mas 20% das pessoas obesas possuem um metabolismo sem alterações e apresentarão uma expectativa de vida normal. Porém, 40% de pessoas com peso adequado irá desenvolver a síndrome metabólica, doença caracterizada pela presença de diabetes, hipertensão, dislipidemia e doença hepática gordurosa não alcoólica.
A obesidade não é a causa, mas um marcador para a disfunção metabólica.
A ONU tem como alvo ações relacionadas à dieta, tabaco e álcool para prevenir e combater as DCNTs, sendo estes dois últimos regulados pelo governo.
O controle alimentar é uma situação mais complicada, pois é algo necessário para a manutenção da vida. Por isso, deve ser questionado qual aspecto da dieta ocidental deve ser focado na intervenção.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e o European Food Safety Authority estão focando a atenção no consumo de açúcar. Este alimento é definido como qualquer adoçante que contenha a molécula de frutose e é adicionado na comida durante o processamento.
No mundo, o consumo de açúcar triplicou e as autoridades consideram esse alimento uma caloria vazia, mas estudos têm mostrado que a frutose pode desencadear processos que induzem a toxicidade hepática e outras doenças metabólicas.
O açúcar também apresenta um claro potencial para o abuso, já que age no cérebro para encorajar o imediato consumo. O açúcar atenua a supressão da grelina, hormônio que sinaliza a fome, e também interfere no transporte e sinalização da leptina, hormônio que ajuda a produzir a sensação de saciedade.
Os autores do artigo sugerem meios para a redução do consumo do açúcar, como:
• Taxação de alimentos processados que apresentam adição de açúcar (por exemplo, refrigerante, refrescos, leite com achocolatado e bebidas de esportistas
• Limitação de venda, na escola, de alimentos processados que apresentam adição de açúcar
• Idade mínima para a compra de bebidas com adição de açúcar (por exemplo: 17 anos).
Fonte: Robert H. Lustig, Laura A. Schmidt e Claire D. Brindis. The toxic truth about sugar. Nature. 2012, v. 482, p. 27-29.