Um trabalho sobre criação de gados realizado por pesquisadores colombianos se destacou em um congresso de restauração florestal em São Paulo no mês de novembro de 2011. Neste trabalho de campo a criação de gados é realizada em meio a florestas, um sistema chamado Silvipastoril.
Nesta criação o gado não se alimenta de capim, em vez disso, consome folhas e frutos de arbustos e árvores. É possivel manter até cinco animais por hectare e produzir de 10 mil a 15 mil litros de leite por ano, sem adubação e suplementação alimentar. Nas pastagens comuns é abrigado um animal por hectare e é produzido 400 litros de leite por hectare. Além do aumento da produção de leite é verificado uma preservação das nascentes, proteção contra erosão e uma redução da população de moscas e carrapatos, diminuindo assim gastos com medicamentos veterinários, fertilizantes e pesticidas e também é verificado uma recuperação da biodiversidade.
Esta pesquisa é fruto de uma parceria entre a Federação Colombiana de Pecuaristas (Fedegan), o Centro de Pesquisa em Sistemas Sustentáveis de Produção Agropecuária (Cipav), a organização não governamental The Nature Conservancy (TNC) e o Banco Mundial. Na Colômbia quase 2 mil fazendeiros se beneficiaram dessa pesquisa.
A equipe de 40 pesquisadores do Cipav trabalha com a ampliação da área de pastagens arborizadas para mais de 45 mil hectares na Colômbia, por meio de um financiamento de US$ 7 milhões do Banco Mundial.
O Brasil poderia se beneficiar da silvipastoril, já que 10 milhões de hectares de pastagens degradadas poderiam ser convertidas em pastagens florestadas de melhor aproveitamento econômico. Ao ser mantido quatro animais por hectare em uma área de 100 hectares sobrariam 75 hectares para outras atividades.
De acordo com o censo agropecuário de 2006 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE), a pecuária ocupa quase metade (48%) do total de terras agrícolas do país. O rebanho bovino, de 206 milhões de cabeças, é maior que a população, de 190 milhões de pessoas.
Segundo Ricardo Rodrigues, professor da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), o Brasil já tem condições para desenvolver essa técnica. Nas pastagens arborizadas, a presença de sombra pode aumentar em 20% a produção de vacas leiteiras. No noroeste do Paraná, 200 produtores rurais deixaram as árvores crescerem em cerca de 7 mil hectares para a obtenção de alimentos para o gado no inverno.
Porém há resistências para a adoção dessa técnica, já que no geral os agricultores que poderiam se beneficar de sistemas silvipastoris se encontram em regiões de abundância de áreas naturais para expansão agrícola e, portanto, a motivação para implantar novos métodos é baixa. Além disso, os proprietários rurais se queixam de que os benefícios são de longo prazo, enquanto os custos com cultivo e plantio de mudas e mão de obra especializada são imediatos. Outra barreira é o risco de fogo acidental, que pode queimar tudo o que foi feito – e gasto.
Fonte: Pesquida Fapesp Online