O governo federal pretende criar uma agência para disseminar o conhecimento entre os agricultores. Apesar de anunciada durante o lançamento do último Plano de Safra, o formato do novo órgão, todavia, por ninguém foi esclarecido. Mendes Ribeiro, ministro da Agricultura e Abastecimento, apenas adiantou que “a Embrapa faz as pesquisas e essa nova agência vai levar a assistência técnica ao produtor, trabalhando de forma articulada”. Boa ideia, a conferir.
Segundo Xico Graziano a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) compõe um capítulo querido, e saudoso, na história da agricultura. O pioneirismo coube a São Paulo, que desde 1926 introduziu o fomento rural nas suas atividades públicas. Logo depois, a Escola Superior de Agricultura e Veterinária (Esav) de Viçosa (MG), atual universidade federal, organizou a primeira Semana do Fazendeiro (1929). Na década de 1940, o Ministério da Agricultura instalou País afora cerca de 200 “postos de mecanização” para demonstrar o avanço tecnológico na lide da terra.
Porém, qual deve ser a tarefa da nova Ater? Qualificar os assentados da reforma agrária e apoiar os agricultores familiares.
Esta criação faz bem a agropecuária, mas corre risco de manipulação ideológica. Alguns agentes políticos que articulam a volta desta agência visualizam a construção de uma “via campesina” para a agricultura, um caminho temerário que mistura ideologia esquerdista com romantismo bucólico.
Isso significa, na prática, abrir as portas para que certas entidades, utilizando verbas facilmente desviáveis, elevem a dominação política sobre os miseráveis do campo. Seria trágico. Emancipação, e não subordinação, carece promover no campo.
Esta noticia foi retirada do jornal Estadão.com e é uma entrevista realizada com Xico Graziano: agrônomo foi secretário de agricultura e secretário do meio ambiente do estado de São Paulo.
Fonte: Estadão