Encontro com a Rede: Interanutri desperta interesse de mineira

Em busca de mais conhecimentos sobre alimentação adequada e solidária, Daniela Quaresma, de Montes Claros (Minas Gerais) descobriu a Rede Sans e não apenas isso nos dias 2 e 3 de abril fez o curso ministrado para tutores do curso Interanutri e que foi realizado em Botucatu. 
Nessa entrevista, realizada por e-mail, ela fala do trabalho que desenvolve na Associação Vilage Ativo, contribuições da capacitação que participou, revela hábitos alimentares de sua família e ainda perspectivas em relação a políticas de segurança alimentar e nutricional em nível nacional.
 
De que maneira você conheceu a Rede Sans?
Eu descobri a Rede Sans por acaso, navegando pela Internet. Eu digitei as palavras alimentação adequada solidária num site de busca e na segunda página encontrei: “Rede Sans VIII – a alimentação saudável, adequada e solidária carrega consigo dimensões fisiológica, sócio-cultural, afetiva, agregadora e protetora, assim traduzindo …”. Entrei no site e gostei.

Como soube do curso Interanutri e por que resolveu ser tutora?
Descobri o curso no próprio site. De cara percebi que não atendia nenhum dos critérios de participação, não sou de São Paulo, nem servidora municipal, nem agente de saúde, nem professora (eu apenas alfabetizo adultos à noite). Mas quando vi que o objetivo do curso é “incentivar agentes comunitários na promoção das ações de promoção da alimentação saudável, adequada e solidária junto às comunidades…” pensei: É disso que minha comunidade precisa! Sou coordenadora de uma Associação que trabalha, há mais de 10 anos, com menores em situação de risco social e alguns expostos à situação de insegurança alimentar.

Que contribuições você acredita que esse curso pode trazer aos participantes
 da sua região? 

Creio que o melhor será oferecer conhecimento acadêmico em alimentação saudável para o povo simples e motivá-los a se mobilizarem. Eu confesso que até eu, uma otimista inveterada e voluntária desde mocinha, me canso e descreio às vezes. Eu presencio desde menina as dificuldades que os pobres enfrentam, gerações sucessivas de pessoas que não puderam estudar, se capacitar, que tiram seu sustento de trabalhos que exigem pouco ou nenhum estudo, vivem sem perspectiva e desatendidas em seus direitos mais básicos. Na minha cidade há pobreza, mas aqui pertinho, no Vale do Jequitinhonha há miséria. É muito triste. O curso me reanimou bastante e ainda mais da forma que aconteceu. Sou grata a toda equipe e à Maria Rita (coordenadora geral da Rede Sans). Quero motivar pessoas que, através do curso, poderão elaborar e desenvolver.
 Quais ações você já realiza na área de segurança alimentar e nutricional?
 Na Associação Vilage Ativo, fazemos mutirão para socorrer famílias quando lhes falta o alimento, orientamos as mães novas sobre a importância da amamentação, incentivamos a criançada a comer verduras e legumes, principalmente nos almoços que fornecemos aos sábados, alertamos sobre o desperdício de alimento, etc. Mas o nosso foco tem sido criar alternativas para combater o uso e a comercialização de drogas na comunidade investindo em esporte. Pessoalmente, tive sorte de ter pais adeptos da alimentação alternativa: eles comem casca e talo de quase tudo. O ‘arroz com casca dentro’ que eles fazem não é bonito mas é gostoso (o que tem menos é arroz, tem talo de couve, casca de mandioca, de abóbora, de chuchu e de beterraba). As crianças não gostam, mas comem se colocar milho verde, batata palha e uva passa. Já lá em casa refrigerante só no Natal ou aniversário, comemos abóbora, mandioca, maxixe, salada, sopa, arroz com pequi, frango, boi, porco, feijão preto, pão, biscoitos, suco natural, leite, iogurte, queijo, batata doce e as frutas da estação. Andamos a pé, ou de bicicleta, então acredito que estamos cuidando da saúde.

 Na sua opinião, quais devem ser os próximos passos a serem adotados em  políticas de segurança alimentar e nutricional em nível nacional?
O povo precisa ser ensinado a se alimentar, isto é fato. Sugiro criar campanhas que aliem a ideia de vencer no esporte com comer verdura + legume + suco + água + saúde. Sugiro também incluir educação alimentar no currículo escolar, porém, quem compra e prepara o que se come na casa são os pais e não os filhos. Então os pais devem ser cobrados em sua responsabilidade. Puxão de orelha nos pais e cursos neles!