Direito ao lazer e ao tempo livre: campanha de empoderamento da Mulher Rural

Faltam horas nos dias de Maria Clêuza de Barros, de 58 anos, de Brazlândia, área rural do Distrito Federal. Agricultora familiar, mãe de quatro filhos, avó de seis netos, mulher. São vários papéis a desempenhar. Mas com organização e investimento na produção, ela dá conta do recado e encontra tempo para fazer as coisas que mais gosta: cuidar das plantas do jardim e viajar pelo país.

Às 5h30 ela já está de pé. Cuida da lavoura, limpa a casa, cozinha, faz o transporte da produção para o ponto de comercialização em Brasília, a 50 quilômetros da sua propriedade. “Só 24 horas, para mim, é pouco. Tem dia que dá onze horas da noite e eu ainda estou descarregando caminhão”, conta Maria, que ficou viúva há 14 anos.

Mesmo com tantos afazeres e responsabilidades, Maria tem direito a um tempo livre para se dedicar ao que mais gosta e lhe faz bem. “São as flores que dão vida à minha casa. Do florido, encontro forças para continuar”, explica, entre rosas, begônias, jasmins e orquídeas. O cuidado com as plantas, que ela chama de “filhas”, é diário. “É como se fosse uma terapia”, afirma.

É do trabalho do campo, que Maria tira o dinheiro para pagar as contas, comprar roupas, complementar a alimentação, fazer cursos, viajar e cuidar das plantinhas que enfeitam o jardim. Com a ajuda dos filhos, produz verduras e frutas diversas.

A produtividade que garante a renda da família veio com o apoio de políticas públicas do governo federal, como a linha Mais Alimentos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), que oferta crédito para agricultura familiar em condições especiais. Desde 2011, já foram três financiamentos. “Já compramos um caminhão-baú, uma Fiorino, e agora estamos querendo investir numa câmara fria”, relata.

Segundo ela, o fácil acesso aos programas do governo federal foi fundamental para ter renda garantida e, consequentemente, tempo para o lazer. “Nós precisamos desse apoio, sem ele, seria muito difícil. Eu não teria como fazer, por exemplo, o transporte dos produtos”. Além da dedicação às plantas, Maria usa o período livre para bordar, fazer cursos e viajar. Este ano ela já foi para São Paulo e Espírito Santo. E os próximos destinos já estão certos: Ceará e Natal. “Só falta planejar a data. Meu sonho é levar a turminha toda”, conta.

Natural de São Gonçalo do Abaeté, pequeno município do noroeste mineiro, Maria já passou fome e chegou a sofrer dois abortos por causa de desnutrição. Em 2000, chegou a Brasília cheia de sonhos. E, com o apoio das políticas públicas, os tem conquistado.

Reconhecimento

O dia 15 de outubro foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) como o Dia Internacional das Mulheres Rurais. A história de Maria e de outras brasileiras ganham destaque durante os “17 dias de Campanha pelo Empoderamento das Mulheres Rurais”. A ação internacional abrange o período de 1º a 17 de outubro e tem com um dos objetivos dar visibilidade para direitos e experiências positivas na promoção dos direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.

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A campanha, desenvolvida no Brasil pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), é uma iniciativa da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf) do Mercosul, da Plataforma de Conhecimento sobre Agricultura Familiar da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); do Instituto Nacional da Mulher do Ministério do Desenvolvimento Social (MIDES) do Uruguai; do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca Uruguai, através da sua Direção Geral do Desenvolvimento Rural; do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina e da Unidade para a Mudança Rural (UCAR) da Argentina.

Saiba Mais: https://goo.gl/Z8FjcH

Texto: Mariana Sacramento Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário Assessoria de Comunicação Contatos: (61) 2020-0123 e imprensa@mda.gov.br