CARTA DE PRINCÍPIOS

Considerando que,

I – o trabalho em rede tem grande potencial transformador e inovador;
II – as novas tecnologias têm dado grande impulso para a comunicação dos atores sociais
III – o atual modelo de sociedade tem acentuado o individualismo, o consumismo e o imediatismo, desfavoráveis ao desenvolvimento e preservação da sociedade humana;
IV – o atual modelo econômico, que privilegia uma minoria, tem ampliado as diferenças na distribuição dos recursos e renda do planeta e, ainda, encontra-se associado à exploração desordenada e irresponsável dos recursos naturais;
V – o desenvolvimento econômico dissociado do desenvolvimento social promove exclusão e furta o direito à cidadania como patrimônio de todo ser humano, na medida em que esse modelo gera fome e miséria;
VI – a fome e a negação do direito à alimentação adequada são a expressão extrema da negação do direito à cidadania e mesmo à vida;
VII – a alimentação é componente central da história e cultura dos povos e confere identidade e dignidade ao indivíduo em sociedade;
VIII – a alimentação saudável, adequada e solidária carrega consigo dimensões fisiológica, sócio-cultural, afetiva, agregadora e protetora, assim traduzindo suas funções de nutrir o corpo e alimentar a vida;
IX – a maioria das mortes de adultos em nossa era é causada por doenças (obesidade, diabetes, hipertensão, doenças cardíacas) atribuídas, em grande parte, às formas de interação do homem com o alimento e com meio ambiente;
X – muitos grupos de maior vulnerabilidade fisiológica e econômica sofrem com a desnutrição (crianças, idosos, enfermos);
XI – a maioria das doenças de nosso tempo não tem cura, mas podem ser prevenidas, e para isso necessitamos inovar nossas práticas de cuidado com a saúde;
XII – um cuidado inovador em saúde depende de ação intersetorial e está intimamente ligado à segurança alimentar e nutricional do indivíduo e da população;
XIII – a sociedade do futuro depende de práticas educativas que promovam ao mesmo tempo o resgate de nossa história e o olhar crítico e criativo para o futuro.

A Rede-SANS tem como MISSÃO,

Articular e envolver pessoas e instituições de diferentes contextos numa ação integrada de defesa e promoção da Alimentação Saudável, Adequada e Solidária.

E, em suas ações, adota os seguintes VALORES E PRINCÍPIOS:

Respeito à vida – Respeitar todas as formas de vida, na perspectiva ética do cuidado de si, do outro e do planeta.

Solidariedade – Reconhecer as necessidades do outro e partilhar os recursos materiais e afetivos, com o objetivo de construir alternativas para uma sociedade mais justa.

Respeito à diversidade – Respeitar o modo singular de ser de cada pessoa, de sua história de vida e das diversas expressões dos grupos humanos, de modo a valorizar a diferença como condição fundamental para uma existência ética, humanística e solidária.

Participação e exercício da cidadania – Valorizar o trabalho participativo, priorizando as decisões discutidas e coletivamente pactuadas.

Autonomia e responsabilidade – Promover a autonomia do indivíduo para que se torne responsável pelo cuidado de si próprio e pela e obtenção de sua subsistência.

Respeito aos bens públicos – Adotar princípios éticos pautados na idoneidade, parcimônia, legalidade, transparência, moralidade, em todas as transações de gestão e uso de recursos, sejam eles de qualquer natureza.

Desenvolvimento e sustentabilidade – Fomentar o desenvolvimento econômico como consequência do desenvolvimento humano e sustentado por ações de preservação dos recursos naturais para as gerações futuras.

Diálogo e cultura da paz – Tomar o alimento como caminho para a paz, ao conferir a segurança da comida à mesa e o sentido da confraternização e do diálogo.

Cooperação – Valorizar o trabalho colaborativo na divisão de tarefas, bem como incentivar a troca e a disponibilização de bens e serviços em favor do outro.

Direito à informação transparente – Difundir e ampliar o acesso às informações de interesse público, sem reservas, em linguagem adequada e compreensível, de forma direta e clara.

Produção e socialização do conhecimento – Fomentar a produção e a socialização do conhecimento pautado em evidências científicas e ao mesmo tempo reconhecendo as tradições populares.

Promoção da economia solidária – Valorizar e apoiar novas formas de comércio de maneira a promover o desenvolvimento local.

Bem estar e justiça social – Nas decisões de gestão dos recursos, tomar como referência os princípios de equidade, integralidade, universalidade e participação popular.

Botucatu, 18 de março de 2011