“Trabalhamos com o reflorestamento e não cortamos árvores, pois o ar que respiramos vem delas. O nosso lavrado é composto de várias plantas medicinais, com as quais os nossos antepassados se curavam. São vários os motivos para preservarmos o meio ambiente”, explica a indígena roraimense Marcilza de Lima, ao comentar sobre a necessidade de preservar o meio ambiente diante das mudanças climáticas.
Da etnia macuxi, Marcilza é vice coordenadora da Organização das Mulheres Indígenas de Roraima (OMIR), que reúne representação feminina de todas as comunidades tradicionais do estado. Ela conta que um dos objetivos da entidade é preservar o meio ambiente e a cultura indígena. “Fazemos um trabalho educativo junto às comunidades, conscientizando sobre métodos de preservação do meio ambiente e do cultivo agroecológico. Preservar é ter para o futuro”, fala.
Um exemplo de preservação que ela cita, é a migração de plantas para regiões que possuem características ambientais semelhantes e que podem ser cultivadas de forma natural. “Muitas vezes uma região tem uma fruta que não tem na minha área e pode ser boa aqui. O buritizal (uma palmeira alta) não tem em todos os lugares e pode ser cultivado em várias regiões”, ressalta. Ela acrescenta também que o buriti tem várias utilidades. “A sua casca é usada como calmante, fazemos doces e geleias da fruta, além das suas folhas cobrirem as nossas casas”, fala.
Dona Marcilza vive na comunidade de Guariba, dentro da terra indígena de Araçá, na região de Amajari, no norte de Roraima. A produção de alimentos na comunidade, segundo a indígena, é realizada de forma orgânica e sustentável. Eles cultivam banana, milho, abóbora, macaxeira, cana, abacaxi e batata. Os alimentos são vendidos no comércio dos municípios vizinhos e por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), uma das políticas públicas do governo federal, que prevê a compra de alimentos da agricultura familiar para a merenda escolar. “Não preservamos apenas o meio ambiente, mas a nossa saúde e a nossa vida”, destaca.
As Mulheres e a Agroecologia
Conforme a especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental, Suiá Kafure da Rocha, as mulheres são protagonistas no campo da agroecologia, por serem as responsáveis pela alimentação familiar. “Logo elas se convencem sobre a importância da alimentação saudável por meio da produção agroecológica”, conta.
De acordo com Suiá, dentro do primeiro Plano Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PLANAPO), 5,2 mulheres receberam Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) para fazerem a transição do cultivo tradicional para o agroecológico, entre os anos de 2014 e 2015. “Houve também um chamamento público de apoio à organização produtiva de mulheres rurais, onde 512 grupos produtivos de mulheres foram apoiados, e 17 projetos contratados, beneficiando 5.120 mulheres, com recurso de R$ 3,6 milhões”, comenta.
Crédito barato
Para ampliar a produção de alimentos saudáveis, a Secretaria Especial de Desenvolvimento Agrária e da Agricultura Familiar (SEAD) baixou os juros do Plano Safra da Agricultura Familiar (Pronaf) 2016/2017. Com isso, o agricultor familiar que quiser produzir de forma agroecológica, na linha custeio, contará crédito mais barato.
Reconhecimento
A história de Marcilza e de outras mulheres rurais brasileiras ganham ainda mais destaque durante os “17 dias de Campanha pelo Empoderamento das Mulheres Rurais”. A ação internacional abrange o período de 1º a 17 de outubro e tem com um dos objetivos dar visibilidade para direitos e experiências positivas na promoção dos direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.
No Brasil, a campanha é liderada pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead). São parceiros a Plataforma de Conhecimento sobre Agricultura Familiar da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); o Instituto Nacional da Mulher do Ministério do Desenvolvimento Social (MIDES) do Uruguai; o Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca Uruguai, através da sua Direção Geral do Desenvolvimento Rural; o Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina; a Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf) do Mercosul e da Unidade para a Mudança Rural (UCAR) da Argentina.
Saiba Mais: https://goo.gl/Z8FjcH
Texto: Flávia Dias
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
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