Articuladora de Porto Feliz diz que perspectiva é expandir conhecimento sobre segurança alimentar



Luciana Ambrosini diz que um dos desafios é colocar em prática o direito humano 
à alimentação adequada e solidária



Desde novembro, o município de Porto Feliz passou a integrar a Rede Sans. No começo deste mês, a articuladora local, Luciana Ambrosini, que é coordenadora de Nutrição em Saúde Pública do município, concedeu entrevista em que fala da trajetória da cidade na área de segurança alimentar e nutricional e expõe as perspectivas para esse setor.
Gostaria que você traçasse um histórico da segurança alimentar e nutricional no município de Porto Feliz. 
A segurança alimentar e nutricional no município de Porto Feliz iniciou no ano 2005 através de Dom Mauro Morelli, na época em que ele era presidente do Consea (Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional) São Paulo. Então, desde 2005, nós temos trabalhado as ações com os agricultores familiares, com a questão da saúde e da merenda escolar. Um dos grandes esforços hoje que a gente tem é a questão da agricultura familiar. Então, nós temos cerca de seis cooperativas de agricultores familiares que produzem atualmente 96 tipos de produtos. Esses produtos, eles são fornecidos para entidades e também para a merenda escolar. A merenda compra os alimentos, hoje, as frutas, legumes e verduras provenientes do Programa de Aquisição de Alimentos. Hoje, então, o agricultor consegue sobreviver através do seu trabalho, na questão da roça, e a comunidade consegue através da doação desses alimentos ter uma melhor qualidade de vida. A gente tem o mapeamento de insegurança alimentar de todos os municípios que são abrangidos pela Estratégia de Saúde da Família e, através desse mapeamento, nós conseguimos verificar quantas famílias vivem em insegurança alimentar grave, moderada ou leve e, a partir desse diagnóstico, nós elaboramos nossas ações de segurança alimentar. Nós temos desde 2006 o Conselho Municipal de Segurança Alimentar, realizamos duas conferências. Dessas duas conferências nós elaboramos um plano municipal de segurança alimentar. Nós temos esses próximos dois anos pra colocar em prática. Um dos grandes pontos positivos, na verdade, é a questão do apoio do poder político, além da participação da sociedade civil através do Conselho Municipal de Segurança Alimentar.
E como o município passou a integrar a Rede Sans?
 Nós conhecemos a professora Maria Rita (articuladora geral da Rede Sans) na época em que o Dom Mauro Morelli ainda era presidente do Consea. Nós participamos de vários congressos e voltamos a reencontrar a Maria Rita na Conferência Estadual de Segurança Alimentar. Por parte dela, nós recebemos o convite até pelas ações que o município tem desenvolvido.
Quais as contribuições que esse trabalho em rede pode trazer na área de segurança alimentar e nutricional de Porto Feliz?
A gente espera poder contribuir com as nossas experiências, aprender com as experiências dos demais municípios, fortalecer ainda mais essas ações e políticas públicas de segurança alimentar e, realmente, poder expandir o conhecimento de segurança alimentar tanto para a comunidade, quanto para os conselheiros de segurança alimentar. É… fazer com que o poder público, ele enxergue a importância da segurança alimentar como um direito. O alimento saudável como um direito humano do indivíduo.

E quais as perspectivas de atuação e planos para esse setor?
Existem vários desafios pela frente. A gente quer expandir os projetos de segurança alimentar. Atualmente, o município tem um projeto em destaque que é o Proquali – Programa de Reforço e Qualificação Alimentar. Na questão da merenda escolar, desenvolver trabalhos de educação nutricional dentro das escolas e, dentro da Rede Sans, conseguir fazer com que todos os professores da rede municipal participem, sejam convidados a participar do Interanutri professor (Interdisciplinaridade, alimentação e nutrição no currículo escolar) e toda comunidade do Interanutri agente ((Interdisciplinaridade, alimentação e nutrição na comunidade). Então, essa é um das nossas expectativas. É a expansão do conhecimento sobre o tema de segurança alimentar. Através do diagnóstico que nós estamos realizando, nós vamos discutir em cima dele, para planejar novas ações. A gente sabe que tem um grande desafio pela frente ainda para realmente poder colocar em prática o direito humano à alimentação adequada e solidária.