COMUNA DA TERRA EM SÃO PAULO TEM “BANCO” DE SEMENTES CRIOULAS

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Vale a pena de nota – entre muitas histórias – uma espécie de banco de sementes organizado por D. Antônia, moradora da Comuna da Terra Irmã Alberta, uma ocupação organizada pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) no distrito de Perus, na região norte da cidade de São Paulo. Encontram-se armazenadas em garrafas plásticas milhares de sementes de: milho (de 3 tipos: roxo, branco e o comum), feijão (mais ou menos, 10 tipos; ela relata que chegou a ter mais de 30 tipos), soja, urucum, coentro, fava, mostarda, entre algumas outras. [Ver Foto 1]. Ela mora sozinha no lote de 0,5 ha e produz com o auxílio de outros. Além das roças temporárias de milho,
mandioca e feijão e das hortaliças, plantou mais de 10 espécies de árvores não frutíferas e mais de 30 de frutíferas; assim, considera que tem uma agrofloresta [Ver Foto 2]. O banco de sementes é uma reserva para a sua produção, mas eventualmente pode ser cedido para algum vizinho. Outro trabalho importante na ocupação para a ampliação da
agroecologia é o de Maria Alves, que escreveu um trabalho de conclusão de curso de Pedagogia sobre a história pessoal de D. Antônia e da sua própria. Mas isso é outra notícia. A fazenda ocupada pertence à Sabesp (empresa de saneamento básico do estado de São Paulo), possui 117 ha e moram 37 famílias. A ocupação ocorreu em 2002 e até hoje não houve desfecho sobre a desapropriação. A indefinição jurídica os mantém numa situação marginalizada em relação a poder formar associações e ter acesso às políticas de créditos agrícolas e de financiamentos de moradia e de infraestrutura. A pesquisa de pós-doutorado, ainda em andamento, busca identificar, mapear e analisar
a produção orgânica e agroecológica na região metropolitana de São Paulo, principalmente a realizada nas Comunas da Terra. Estas são formas de assentamentos de reforma agrária concebidas pelo MST nas regiões metropolitanas visando fornecer excedentes para as grandes cidades, com lotes bem menores do que o padrão e com características de campo e cidade. No momento, o trabalho de campo nas Comunas está em andamento e, posteriormente, o material será analisado para, por fim, retornar para as comunidades estudadas.

Notícia elaborada por:
Marcelo Gomes Justo
Projeto de pesquisa “Agroecologia e Comunas da Terra na Região Metropolitana de São
Paulo”, sob supervisão do Prof. Dr. Bernardo Mançano Fernandes.
Pesquisador pós-doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento
Territorial na América Latina e Caribe – TerritoriAL – IPPRI/UNESP
Bolsista de pós-doutorado júnior do INTERSSAN