Botucatu debateu o acesso e qualidade dos alimentos que chegam à mesa de seus munícipes durante a Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Botucatu, que teve sua segunda edição promovida na quinta-feira, 9 de abril, com o tema: “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”.

O evento, que debateu pontos de políticas públicas referentes à Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) reuniu mais de 70 participantes entre pesquisadores, representantes de entidades, ONGs, produtores rurais, educadores, profissionais da saúde, vereadores, secretários municipais de governo e população.

No período da manhã, grupos visitaram uma propriedade rural destinada à produção orgânica de alimentos, uma horta comunitária e as futuras instalações do Banco de Alimentos de Botucatu.

Os participantes debateram, no período da tarde, a criação ou aperfeiçoamento de políticas públicas quanto a qualidade da produção do alimento, distribuição eficaz, consumo consciente e valorização do produtor rural local. Todas as propostas votadas e aprovadas na conferência local serão incluídas em um documento e apresentadas à sociedade em geral e aos Poderes Executivo e Legislativo municipal.

A 2ª Conferência Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Botucatu teve a realização do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional de Botucatu (Comsan), Rede Sans, Sesi, Prefeitura de Botucatu, Giramundo Mutuando, Cáritas Arquidiocesana de Botucatu, Associação dos Pequenos Produtores Rurais (Apror) e Instituto de Biociências de Botucatu/Unesp (IBB).

Visitas temáticas a hortas e Banco de Alimentos

A Conferência teve início, ainda pela manhã, com visitas temáticas a um produtor rural orgânico, horta comunitária e às futuras instalações do Banco de Alimentos de Botucatu. Em todos estes locais, os participantes vivenciaram aspectos diferentes da cadeia produtiva e distributiva de alimentos no município.

Grupos visitaram plantações orgânicas no bairro Demétria

Durante visita a um sítio no bairro Demétria, foram mostrados aspectos de cultivo agrícola ecologicamente sustentável, produção de sementes e o funcionamento da Comunidade Sustentando o Agricultor (CSA), rede de economia solidária que possibilita a comercialização de alimentos por meio de assinatura mensal.

Logo após, os grupos da conferência conheceram o sistema de hortas comunitárias orgânicas em Botucatu. Existem 14 hortas instaladas em pontos distintos no município que comercializam hortaliças, legumes e verduras diretamente à população. O local escolhido foi a horta comunitária da Vila Ema.

As visitas pela manhã se encerraram nas futuras instalações do Banco de Alimentos de Botucatu, também na Vila Ema. O local foi anunciado em 2011 e teve investimentos de R$ 479.544,44, sendo construído na área do antigo Matadouro Municipal. Devido a trâmites burocráticos, ainda aguarda estruturação de quadro de pessoal para entrar em operação.

Plenária e debates

Os debates quanto a propostas de aperfeiçoamento de Segurança Alimentar e Nutricional em Botucatu ocorreram no período da tarde no Centro de Atividades do Sesi. A mesa de autoridades de abertura foi composta pela presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional, Marilda Petrechen; além do vice-prefeito de Botucatu, Antonio Luiz Caldas Júnior (PCdoB); o secretário municipal de Governo, Caco Colenci; vereadora Rose Ielo (PT) e Otávio Augusto Ferraz Ferreira, diretor do Sesi de Botucatu.

Propostas para melhoria do acesso a alimentação de qualidade foram levantadas na Conferência

Na ocasião, as autoridades municipais ressaltaram a importância de garantir o acesso a um alimento de qualidade à população. “Para isso é necessária a fixação do homem do campo com iniciativas de estímulo à qualidade de sua produção”, frisou o secretário de governo, Caco Colenci. “Temos hoje vários dispositivos em lei como o Código Ambiental de Botucatu onde se limita o uso de agrotóxicos”, realça a vereadora Rose Ielo.

Para aprofundar os temas abordados pela conferência, o vice-prefeito Antonio Luiz Caldas Junior (também professor de saúde pública da Faculdade de Medicina de Botucatu/Unesp) ministrou palestra apresentando a relação da qualidade de vida com hábitos alimentares adequados.

Segundo Caldas, oferecer alimentos deixou de ser uma atividade voltada a “nutrir pessoas para gerar riquezas a empresas”. “No Brasil, por exemplo, 25% da renda de uma família é destinada somente para a compra de alimentos. Este cenário se agrava nas classes sociais mais vulneráveis”, completa.

Ainda em sua explanação, o vice-prefeito salientou que muitos desafios são enfrentados para garantir a plena segurança alimentar e nutricional: desde a busca por uma produção sustentável e de qualidade a problemas logísticos como o campo cada vez mais distante fisicamente do mercado consumidor.

Grupos foram divididos para discussão de temas em cinco eixos principais: segurança alimentar, saúde, educação, agricultura e assistência social. “Estas discussões foram importantes para aperfeiçoar as políticas públicas voltadas a Segurança Alimentar e Nutricional. As visitas no período da manhã, por exemplo, deram um subsídio interessante de como é a realidade de produção agrícola e as diferentes formas como esse alimento chega à população”, avaliou Marilda Petrechen, presidente do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional.

Com as propostas definidas neste encontro, o Comsan vai formular um documento a ser apresentado na etapa regional da Conferência de Segurança Alimentar e Nutricional, prevista para ocorrer no mês de junho, em Sorocaba.

Representantes para Conferência Regional de Segurança Alimentar e Nutricional

Além das discussões sobre Segurança Alimentar foram definidos os representantes para a etapa regional da Conferência. Pela sociedade civil foram definidos os seguintes nomes: Pedro Jovchelevich, Cynthia Zanotto, Carina Alcalá, Marilda Petrechen e Patrícia Bernardes. Os representantes pelo Poder Público serão Ana Carolina Oliveira, Andreia Domingues e Ana Rosa Corrêa.

Texto e fotos: Flávio Fogueral