Direito a um ambiente saudável: campanha de empoderamento da Mulher Rural

Na fazenda onde mora, na zona rural de Medeiros, município que fica na região Centro-Oeste de Minas Gerais, Vanice Aparecida de Morais Leite tem orgulho de dizer que cumpre uma tarefa inadiável todos os dias, inclusive nos domingos e feriados: ela produz queijos. Com auxílio de uma ordenhadeira mecânica, Valter Caetano, marido dela, tira um total de 300 litros de leite pela manhã e à tarde. E, da queijaria que fica ao lado da casa onde moram, saem os produtos que já conquistaram consumidores de diferentes regiões do Brasil.

“Gosto muito do que faço”, afirma Vanice Aparecida de Morais Leite (foto)

“Gosto muito do que faço”, afirma Vanice Aparecida de Morais Leite (foto)

“Eu sou a responsável pela fabricação dos queijos. Então, quando planejamos a construção do espaço próprio para a produção, já pensamos em tudo que pudesse ser adequado à minha altura, especialmente a bancada”, explica Vanice. Assim, em um ambiente apropriado, ela diz que não tem do que reclamar do serviço. Não tem dores nas costas, por exemplo – um problema que é bastante comum às vizinhas que também produzem queijo. “Gosto muito do que faço”, enfatiza a produtora.

Em 2003, ela acessou o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) e, com R$ 15 mil, o casal construiu a queijaria. “O crédito foi muito importante e por isso fizemos questão de pagar tudo certinho, ao longo de oito anos. Valeu muito a pena”, conta ela.

De lá para cá, Vanice já viveu outras conquistas na profissão. Hoje ela é presidente da Associação de Produtores de Queijo Canastra de Medeiros (Aprocame). Foi a primeira mulher a assumir o cargo. Mas o que gosta mesmo de contar é que, sem precisar aumentar a produção, a renda dos associados cresceu substancialmente nos últimos dois anos, desde que foi inaugurado o Centro de Qualidade do Queijo Minas Artesanal de Medeiros.

O Centro era um sonho antigo de produtores da região, que, até então, vendiam praticamente só o queijo frescal, que tem valor considerado baixo no mercado. No novo espaço, é feito o processo correto de maturação, que exige temperatura e umidade controlados corretamente, e que os produtores não conseguiam obter em suas propriedades principalmente porque é uma estrutura cara.

De acordo com Marinalva Olívia Martins Soares, coordenadora do Programa Queijo Minas Artesanal na Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-MG) – uma das idealizadoras do projeto – o local foi uma conquista importante, especialmente por causa do valor agregado ao produto, que chega a ser vendido pelo dobro do preço do frescal. Mas não só isso: “Eles ganharam espaço adequado para maturação e apoio de mão de obra das funcionárias do Centro para cuidar dos queijos até chegar aos 22 dias para a comercialização”. Além disso, Marinalva explica que o Centro tem área de embalagem, câmara fria para armazenamento e área de expedição. Na época, o projeto recebeu investimento de R$ 450 mil do então Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), hoje Secretaria Especial de Agricultura Familiar e Desenvolvimento Agrário (Sead). Atualmente, os produtores contam com assistência técnica da Emater-MG para produzir em média 2 mil quilos de queijo canastra maturado por mês. “Sem as políticas públicas, acredito que nada disso estaria funcionando tão bem”, conclui Vanice Aparecida de Morais Leite.

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Reconhecimento  Esta e outras histórias ganham destaque durante os “17 dias de Campanha pelo Empoderamento das Mulheres Rurais”. A ação internacional abrange o período de 1º a 17 de outubro e tem com um dos objetivos dar visibilidade para direitos e experiências positivas na promoção dos direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.

A campanha, desenvolvida no Brasil pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), é uma iniciativa da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf) do Mercosul; da Plataforma de Conhecimento sobre Agricultura Familiar da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); do Instituto Nacional da Mulher do Ministério do Desenvolvimento Social (MIDES) do Uruguai; do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca Uruguai, através da sua Direção Geral do Desenvolvimento Rural; do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina e da Unidade para a Mudança Rural (UCAR) da Argentina.

Texto: Tereza Rodrigues Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário Assessoria de Comunicação Contatos: (61) 2020-0123 e imprensa@mda.gov.br

Saiba Mais: https://goo.gl/Z8FjcH