A família da agricultora familiar Verônica Maria Montemezzo, de 56 anos, impressiona pelo tamanho. A gaúcha tem seis irmãos mais velhos e cinco mais novos que ela. Com a casa sempre cheia, não era difícil ver a família passar por momentos mais duros na vida. Sempre partilhando tudo entre os 11 irmãos, Verônica viu nessas dificuldades que enfrentou no passado o ponto de partida para melhorar de vida e ter mais dignidade.
Muitos anos depois, vivendo no município de Rolante, região metropolitana de Porto Alegre (RS), Verônica começou a trabalhar para tirar da agricultura familiar o seu sustento. “Passei por muita coisa para chegar aonde cheguei. Foi bem complicado, muito trabalho”, relembra. Por ser mulher, ela acredita que houve mais desafios nessa jornada. “Ouvi de muita gente que não ia conseguir fazer minhas coisas. As pessoas acham que a gente se faz de coitada”, desabafa.
Hoje, a agricultora cuida de sua agroindústria de massas, onde trabalha por todo o inverno, de março a agosto. A produção é intensa. “São oito mulheres me ajudando nesse período. Cada uma consegue produzir 1kg de capeletti por hora, sendo que trabalhamos por cinco horas diárias, todos os dias”.
Nos outros meses, Verônica se dedica à produção de pães e cucas, já que mora na ‘capital nacional da cuca’, em Rolante. “O pessoal me ajuda a vender nas casas da região e muita gente vem procurar também”, comenta. Ela ressalta que a Assistência Técnica e Extensão Rural, da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Ater/ Sead), foi uma importante ferramenta para o sucesso dela. “A Emater daqui me ajudou muito, eles que me incentivaram com a agroindústria”, conta.
Ações
A Assistência Técnica e Extensão Rural é apenas uma das ações da Secretaria Especial para a luta contra a pobreza e a fome no Brasil. O Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), por exemplo, leva alimentos mais saudáveis e diretamente do campo para escolas da rede pública de ensino de todo o País – muitas crianças só contam com essas refeições.
A agricultora familiar capixaba Selene Hamner Tesch, 53 anos, comanda a Cooperativa de Agricultores Familiares (CAF), em Santa Maria do Jetibá (ES). As mais de 500 escolas da rede pública de ensino do estado recebem da CAF verduras, legumes, feijão, frutas e outros itens, tudo orgânico, para a merenda escolar. “Isso faz toda a diferença para nós, é um retorno muito bom”, comemora. Para ela, participar desses programas é uma forma de valorizar mais quem produz no campo e ajudar a quem precisa. “Depois disso, começamos a caminhar melhor”, afirma.
Erradicação
Verônica e Selene viram o país melhorar de um tempo para cá. Assim como elas, o Brasil passou por dificuldades, mas, em 2014, foi dado um importante passo: saímos do Mapa Mundial da Fome. De acordo com dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), o Brasil é um dos países que mais contribuíram para o mundo alcançar a meta proposta pelo primeiro dos oito objetivos da Organização das Nações Unidas (ONU) até 2015: acabar com a pobreza extrema e com a fome, tornando-se referência internacional em relação ao assunto.
Enquanto o mundo conseguiu reduzir a pobreza extrema pela metade – de 47%, em 1990, para 22%, em 2012 – o Brasil, no mesmo período, erradicou a fome e fez com que a população extremamente pobre do País caísse de 25,5%, em 1990, para 3,5%, em 2012.
Para Geise Mascarenhas, da Diretoria de Políticas para Mulheres Rurais da Sead, “Essa campanha é importante para que as mulheres rurais reconheçam seu direito a ter uma vida digna e livre de violência, a ter acesso à alimentação em qualidade e quantidade, à água, à terra, à informação, ao lazer, entre tantos outros. Finalizar a campanha nesse dia ajuda a visibilizar a contribuição das mulheres rurais e da agricultura familiar para o Brasil sair do mapa da fome”, explica.
Data
O Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza é celebrado no dia 17 de outubro – último dia da campanha dos “17 Dias para o empoderamento das mulheres rurais”. A data é comemorada desde 1992, com o objetivo de alertar a população a defender os direitos básicos do ser humano.
A erradicação da pobreza e da fome é um dos oito objetivos de desenvolvimento do milênio, definidos no ano de 2000 por 193 países membros das Nações Unidas e por várias organizações internacionais. O tema para este ano é “Passando da humilhação e da exclusão para a participação: acabando com a pobreza em todas as suas formas”.
Reconhecimento
A história de Verônica, Selene e de outras brasileiras ganham destaque durante os “17 dias de Campanha pelo Empoderamento das Mulheres Rurais”. A ação internacional abrange o período de 1º a 17 de outubro e tem com um dos objetivos dar visibilidade para direitos e experiências positivas na promoção dos direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.
A campanha, desenvolvida no Brasil pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), é uma iniciativa da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf) do Mercosul; da Plataforma de Conhecimento sobre Agricultura Familiar da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); do Instituto Nacional da Mulher do Ministério do Desenvolvimento Social (MIDES) do Uruguai; do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca Uruguai, através da sua Direção Geral do Desenvolvimento Rural; do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina e da Unidade para a Mudança Rural (UCAR) da Argentina.
Saiba Mais: https://goo.gl/Z8FjcH
Texto: Jalila Arabi
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
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