Direito para a tomada de decisões e liderança: campanha de empoderamento da Mulher Rural

As mulheres rurais estão cada vez mais presentes nos quadros diretores de associações e cooperativas. Espaços que, por muito tempo, eram predominados pela figura masculina. Mulheres como a agricultora familiar Divina Dias Moura, 59 anos, que preside há mais de oito anos a Cooperativa Mista do Vale da Esperança (Cooperval), no município goiano de Formosa. O empreendimento, que ela ajudou a fundar, em 2008, é especializado em polpas de frutas do cerrado e comercializa parte da produção para o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae).

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Desde o início, a presença feminina foi marcante. “Nossa cooperativa foi fundada por mulheres, mas é mista. A maioria do trabalho é desempenhada pelas agricultoras, com a ajuda de uns três homens. Às vezes a gente se cansa muito, mas temos uma garra que não queremos que acabe. Quando a cooperativa foi aberta, eu já era presidente. Em breve pretendo deixar essa função, mas vou ficar acompanhando até que a nova liderança pegue jeito. Não posso deixar que todo o trabalho que fizemos até aqui se acabe”, conta Divina.

Empoderamento
Assim como ela, muitas trabalhadoras rurais vão além do processo produtivo nas organizações familiares. Segundo a secretária de Mulheres da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária (Unicafes), Iara Andrade, o intuito é que ainda mais mulheres ultrapassem as barreiras para participar dos processos de tomada de decisões e liderança.

“Trabalhamos muito na perspectiva de empoderamento da mulher rural. Nosso esforço e motivação são para que as agricultoras façam parte do processo de construção que é realizado nas cooperativas e associações familiares, colocando a mulher e suas questões dentro do debate. Esse protagonismo já tem surtido efeito no país. É possível ver grupos de mulheres que se organizaram para comercializar os produtos pelos programas de compras institucionais e até cooperativas específicas de mulheres rurais”, afirma.

Para Iara, a representação feminina nas cooperativas e organizações abre  espaço para a discussão de temas que, até então, eram considerados como tabus no campo. “Quando as mulheres participam ativamente dos quadros diretivos das organizações, elas têm a oportunidade de debater as questões da violência contra a mulher e da valorização do trabalho feminino”, explicou.

Reconhecimento
A história de Divina e de outras mulheres ganham destaque durante os “17 dias de Campanha pelo Empoderamento das Mulheres Rurais”. A ação internacional abrange o período de 1º a 17 de outubro e tem como um dos objetivos dar visibilidade para experiências positivas na promoção dos direitos das mulheres rurais na América Latina e no Caribe.

A campanha, desenvolvida no Brasil pela Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário (Sead), é uma iniciativa da Reunião Especializada sobre Agricultura Familiar (Reaf) do Mercosul, da Plataforma de Conhecimento sobre Agricultura Familiar da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO); do Instituto Nacional da Mulher do Ministério do Desenvolvimento Social (MIDES) do Uruguai; do Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca Uruguai, através da sua Direção Geral do Desenvolvimento Rural; do Instituto Nacional de Tecnologia Agropecuária (INTA) da Argentina e da Unidade para a Mudança Rural (UCAR) da Argentina.

Saiba Mais: https://goo.gl/Z8FjcH

Texto: Gabriella Bontempo
Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário
Assessoria de Comunicação
Contatos: (61) 2020-0120