Fundação do Comitê da Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida em Marília-SP

Coletivo Socioambiental de Marília na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida

Sobre a reunião de fundação do Comitê da Campanha Contra os Agrotóxicos e Pela Vida em Marília-SP – 07 de Abril de 2018
O gosto do veneno na boca da camponesa não nos engana, isso é obra de quem age sem consciência sobre a natureza e de um forma cada vez mais insana.
A historia difícil de luta por uma promessa de vida na terra é seguida, então, do engano perpetrado pelo fazendeiro que seu próprio nome enterra. Mas porquê?
Por que eles não conhecem o poder da natureza bem manejada pelas mãos do trabalhador e da trabalhadora realmente atenta, uma vez que a transição agroecológica é viável a partir de uma outra matriz de pensamento que nos alenta.
Vamos desobstruindo então o caminho da sociedade rumo a um diferente processo civilizatório, onde as campanhas impulsionam nossa ação local num comitê autônomo e muito notório.

Coletivo Socioambiental de Marília na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida

Coletivo Socioambiental de Marília na Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida

São muitas as razões para pensarmos numa agricultura sem agrotóxicos, primeiro que não queremos mais comer e beber do odioso veneno que nos tira as nossas liberdades e segundo porque a vida na terra está definitivamente ameaçada por mais de meio século de atrocidades.
A instituição Estado, refén do interessado empresariado, nos diz que é só usar direito, que temos que seguir as recomendações e que no final é só destinar a embalagem do agrotóxico bem lavado. Mas se precisamos lavar o restinho do liquido numa embalagem mal fadada, o que se dirá das milhões de toneladas sistematicamente na natureza despejadas.
Você pode escolher ao beber água, quer ela com esgoto ou com agrotóxico, ou com os dois num coquetel muito tóxico. Não se enganem meus irmãos alados, as transnacionais já estão de olho na nossa água pois lá no norte está tudo mais contaminado.
Agente mutagênico, teratogênico e genotóxico, tudo isso vem com o infeliz agrotóxico. Mas ele é só um ingrediente essencial de um pacote bem maior e especial, que nos quer presos a um paradigma obsoleto que esconde uma relação que é quase carnal.
Pois estamos reféns das empresas transnacionais que estão por trás da sobrevivência do latifúndio que no Brasil é histórico. Eles se escondem atrás de uma aparente modernidade que não revela a sua improdutividade.
Já se sabe que a pequena agricultura é mais produtiva do que a grande agricultura, mas isso não interessa pois o alimento de verdade é capaz de mudar a sociedade. A Agroecologia, que parte do camponês e seu saber, é a grande alternativa ao agronegócio que as estruturas não querem ver crescer.
Ligação fina com a natureza significa conhecer e admirar o seu potencial e a sua beleza, que está aparentemente ameaçada pela noção de um futuro que prenuncia pouca certeza. Porém, o futuro nunca é certo, o futuro está em disputa e é no presente que se conquista decerto. E estamos aqui e agora e o momento é de peleja, servindo a um propósito maior na esperança de que é possível educar a humanidade para que ela realmente seja.

Por Rodrigo Machado Moreira
INTERSSAN – Centro de Ciência e Tecnologia em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional
Instituto Giramundo Mutuando