INTERSSAN e UNILAB fortalecem parceria no desenvolvimento das tecnologias sociais

Professor Davis Gruber Sansolo representando INTERSSAN / UNESP ao centro (vestindo a camisa cinza) junto com a equipe da UNILAB

O professor da UNESP, Davis Gruber Sansolo, que trabalha com tecnologias sociais e desenvolvimento territorial focados em povos e comunidades tradicionais esteve em visita a UNILAB (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira) no campus de Redenção – CE para discutir com a equipe de pesquisa da unidade sobre a intersecção entre a abordagem teórica e o desenvolvimento de projetos que contribuam para o desenvolvimento de tecnologias que atendam as demandas presentes no território. Projetos esses que são desenvolvidos em parceria com o INTERSSAN da UNESP de Botucatu.

A visita aconteceu nos dias 27, 28 e 29 de novembro de 2019, e incluiu a apresentação e discussão com a equipe da UNILAB, reconhecimento do território e visita a iniciativas locais.

Confira as atividades que foram realizadas durante a visita:

27/11  – Aconteceu a apresentação e reconhecimento da UNILAB. O que incluiu visita ao campus e instalações da universidade, interação com o grupo de pesquisa da unidade coordenados pelas professoras Jaqueline Cunha da Serra Freire e Daniela Queiroz Zuliani. Ainda no período da tarde do mesmo dia, o professor Davis realizou uma apresentação sobre tecnologias sócio-territoriais, que teve como eixo condutor o projeto de pesquisa que desenvolveu nas comunidades tradicionais do litoral norte do estado de São Paulo e no assentamento “Mário Lago”. A palestra foi destinada para alunos de graduação e pós graduação, contou também com a presença de professores e também do pró-reitor de relações institucionais. O professor  afirma que foi possível desenvolver uma perspectiva da relação entre território, tecnologia, soberania e segurança alimentar e tecnologia social. Em seguida aconteceu o debate, onde foi possível estabelecer um contexto da importância entre tecnologia social e território e o conceito de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricionl (SSAN).

28/11 – Visita de iniciativas em 3 municípios (Redenção, Cajus e Barreiras).  A primeira visita foi a uma família que tinha casa de farinha. A família apresentou seu conhecimento tradicional, relacionado a produção de farinha e a organização social  envolvida no empreendimento. Trata-se de um empreendimento familiar que sazonalmente usa mão de obra contratada. Produzem farinha de mandioca e a goma, as técnicas utilizadas na produção são de herança familiar.

A visita seguinte foi  à uma família, na qual uma das filhas é graduada em agronomia na UNILAB,  e faziam produção agrícola e de cajuína –  refrigerante tradicional da região nordeste do país. Esta  família também é envolvia com o movimento agroecológico do Ceará. Interessantemente porque foi apresentado outra perspectiva, nesta que incluí um elemento de rede socio-técnica,  que é  determinada pela existência de uma tecnologia que pode ser considerada para além de uma tecnologia familiar, uma tecnologia social, pois está associada ao movimento agroecológico, mediado por feiras que ocorrem na região, em especial na própria UNILAB, e em outras localidades. Nessas feiras os produtores acabam se relacionando e estruturando uma rede de conhecimentos que acaba por formar um mercado de circuito curto. Desta forma acaba por contemplar a dimensão ambiental, a dimensão alimentar, a dimensão da técnica, a dimensão da rede socio-técnica, e de movimento social.

A última visita foi a uma casa de sementes, trata-se de uma associação composta por 20 pessoas, em Barreiras, e era apoiada por uma ONG. Então também era uma tecnologia social.

Após as visitas, o professor Davis teve a oportunidade de conhecer mais de perto o projeto desenvolvido pela aluna de mestrado pelo programa Desenvolvimento Territorial na América Latina e Caribe, da UNESP, Renata Lima, a qual ele participa da orientação. O projeto trata-se de uma panela de extração de suco a vapor que se relaciona com uma característica territorial importante, que é a presença de vários pés de caju, tanto o caju gigante quanto o caju anão. O caju anão é uma variedade que foi desenvolvida pela Embrapa, com o intuito de incentivar a produção de castanhas para uma fábrica que tinha na região,  entretanto hoje não existe mais. Porém os pés de caju estão disseminados em diversas propriedades. Atualmente, boa parte da produção de caju, sobretudo a polpa da fruta é desperdiçada, apodrecendo no chão, porque quando muito a parte comercializada é a castanha in natura. Essa é uma questão importante, em que estamos tentando desenvolver uma solução que vai ser testada enquanto tecnologia e pode vir a se tornar uma tecnologia social, afirma o professor Davis.

29/11, último e terceiro dia de visita –  O professor Davis junto com a equipe da UNILAB fez a leitura do território a partir da teoria das tecnologias sociais e concluíram que existem muito trabalho potencial para ser desenvolvdo. Umas das propostas indicadas é a realização do mapeamento das tecnologias de iniciativas que ainda estão em potencial para se tornarem tecnologias sociais, e mapear as organizações sociais e instituições presentes no território. E que esse trabalho seja atrelado a produção de iniciação cientifica de alunos da UNILAB,  que fazem parte do projeto apoiado pelo INTERSSAN.

A partir disso é possível que o curso de agronomia da Unilab possa dar continuidade a abordagem de tecnologias socioterritoriais voltadas para a soberania e segurança alimentar estabelecendo um processo de compreensão e conhecimento de sinergia entra as organizações sociais e o desenvolvimento de tecnologias sociais

Balanço geral da visita

A síntese das atividades desenvolvidas nesse período reforça o potencial e a importância de parcerias e trocas de saberes. Tanto para a produção e contribuição científica como para o desenvolvimento de tecnologias que dialoguem com a realidade e a necessidade da comunidade.