Ministério da Saúde quer acordo com indústria alimentícia para reduzir açúcar nos alimentos

A representante do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Elisabetta Recine, avalia que as políticas de combate à obesidade no Brasil são mal articuladas por todos os entes envolvidos. Elisabetta participou de audiência pública promovida pela Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara para debater os problemas da obesidade e do crescimento no número de pessoas com sobrepeso no Brasil.

Atualmente, o excesso de peso já atinge 52% da população adulta do país, enquanto a obesidade é representada por 17,3%, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. Na opinião de Elisabetta Recine, as cirurgias de redução do estômago sinalizam para a gravidade do problema: “O que é a cirurgia bariátrica? É a falência de tudo. Você levar uma pessoa a tomar uma atitude drástica como essa, que é pegar parte do próprio corpo e diminuí-lo para não caber mais comida ali dentro, é por que a sociedade faliu. Não é ele sozinho que faliu, é a sociedade que faliu. É isso que a gente precisa diminuir. Os elementos que levam a essa falência. Então, o Consea sempre que trata de temas como esse, ele analisa a situação nessa perspectiva. É a confluência de fatores individuais com os determinantes estruturais”.

O coordenador de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde (MS), Eduardo Nilson, espera um acordo com a indústria alimentícia para diminuir a quantidade de açúcares nos alimentos e bebidas industrializadas: “Nós temos uma responsabilidade em relação aos alimentos processados. Para isso, o ministério vem desenvolvendo sucessivos acordos com a indústria para reduzir o risco associado ao consumo excessivo desses alimentos. Já conseguimos algumas coisas em relação a gordura trans, agora mais recentemente também conseguimos com o sódio e nosso projeto para este ano é iniciar a redução de açúcar, em especial das bebidas adoçadas como refrigerantes, sucos e outros que estão diretamente relacionados com a questão da obesidade”.

O deputado Adelmo Carneiro Leão (PT-MG), que pediu o debate, falou sobre a complexidade do tema: “Sabemos que essa não é uma situação simples. Enfrentar a obesidade não é só uma questão de relacionar atividade física com boa alimentação. É uma equação muito mais complexa e de difícil aplicação. Então, é com o objetivo de construirmos um pensamento, uma proposta de combate a esse problema para que possamos tratar esse problema de saúde pública de forma correta”.

As principais consequências decorrentes do aumento de peso e da obesidade são as doenças do coração, câncer de mama, insuficiência cardíaca congestiva e o diabetes. O Sistema Único de Saúde (SUS) gasta por ano 488 milhões de reais no tratamento das doenças relacionadas a obesidade.

Ouça aqui a reportagem