Por Maria Luísa Bento Antunes
A obesidade vem pluralizando o contexto mundial tornando uma preocupação atualmente. Esse cenário é consequência da mudança feita pela população nos seus hábitos alimentares, aumentando o consumo de alimentos pobres nutricionalmente, com alta densidade energética e que contribuem para maiores índices de massa corporal (IMC), uma vez que a obesidade se origina, principalmente, de um desequilíbrio entre a ingestão e utilização de calorias e hábitos alimentares inadequados. Além do impacto no IMC, a obesidade favorece o aparecimento de outras doenças, como hipertensão, resistência insulínica, dislipidemias e doenças hepáticas. A preocupação é maior quando a obesidade acontece na infância, pois a reversão é difícil e potencializa a probabilidade de obesidade na idade adulta, assim, a prevenção é uma importante estratégia para combater esse problema.
E onde entra a Dieta Mediterrânea (DM) nesse contexto?
A DM é caracterizada por uma alta ingestão de vegetais, frutas, nozes, cereais, grãos integrais e azeite de oliva e, ao mesmo tempo, por um consumo moderado de peixes e aves e baixa ingestão de doces, carnes vermelhas e laticínios. Em termos de nutrientes, é uma dieta pobre em gordura saturada e rica em gordura monoinsaturada e oferece grande quantidade de fibras e ácidos graxos do tipo ômega (n-6 e n-3). Esse perfil faz com que a DM seja associada a proteção cardiovascular, a menores riscos de ocorrência de obesidade, diabetes mellitus tipo 2 e síndrome metabólica.
Então porque não inserir e difundir esse padrão no mundo todo, já que traz tantos benefícios?
São evidentes todos os benefícios à saúde causados pela DM, porém, existem dificuldades em implementar um padrão alimentar mediterrâneo em um ambiente não mediterrâneo, pois requer mudanças nos hábitos alimentares, práticas e conhecimentos para realizá-las da forma correta. Retirando o foco no indivíduo e pensando macro, os fatores socioeconômicos também influenciam na adesão da DM. Dessa maneira, políticas públicas precisam ser instituídas e monitoradas para garantir o acesso à todos à uma dieta saudável.
É possível adaptar os princípios da DM para diferentes realidades, pois as pessoas preferem comer alimentos do cotidiano e que correspondem a padrões já determinados em sua cultura e estilo de vida. Assim, é necessário conhecer as particularidades do cenário em questão para definir as orientações baseadas na DM, objetivando também promover o conhecimento e empoderamento dos cidadãos.
Para saber mais:
D’INNOCENZO, Santa et al. Obesity and the Mediterranean Diet: a review of evidence of the role and sustainability of the mediterranean diet. Nutrients, [S.L.], v. 11, n. 6, p. 1306-1331, 9 jun. 2019. MDPI AG. http://dx.doi.org/10.3390/nu11061306
SILVA, M.L.; VIEIRA, R.C.S. Proposta de adaptação da dieta mediterrânea utilizando alimentos da região amazônica. Rev. Ens. Sa. Biotec. Amaz., v. 2; n. 1, p. 47-62, 2020
Maria Luísa Bento Antunes
Texto elaborado para a disciplina “Teoria e Prática da Comunicação” – Curso de Nutrição do Instituto de Biociências de Botucatu – UNESP