NUTRICAST UNESP – A promoção do bem estar em pacientes com Diabetes tipo 2 através do cuidado centrado na pessoa

Por Thomas Tavares Bussolotti

 

O Cuidado Centrado na Pessoa define-se pelo cuidado em que profissionais das áreas da saúde devam trabalhar colaborativamente com os pacientes, construindo um tratamento que esteja adaptado às suas necessidades individuais. Portanto, o paciente é o foco principal do tratamento, e não a doença em si. Normalmente, estão envolvidas práticas interprofissionais e integralizadas, ou seja, com a inclusão de distintos profissionais de saúde (enfermeiras, nutricionistas, endocrinologistas e educadores em diabetes) cujo aconselhamento se dá a partir dos aspectos e necessidades fisiológicas, psicológicas, sociais e econômicas de cada indivíduo. Um artigo desenvolvido por pesquisadores do Centro de Controle e Prevenção de Doenças do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos revisa as principais evidências científicas para o estabelecimento desta prática entre os profissionais de saúde envolvidos no tratamento da diabetes tipo 2.

O controle desta doença, que afeta todos os aspectos da vida humana devido ao seu necessário controle dietético e medicamentoso, inclui o apropriado diagnóstico, o uso potencial de medicamentos, recomendações de estilo de vida, incluindo a manutenção de uma dieta saudável e de atividades físicas, uma avaliação do seu estado psicológico, uma compreensão dos determinantes sociais da saúde (figura 1), de um reconhecimento de outras potenciais doenças, e do uso de métodos alternativos de cuidado (como no uso de fitoterápicos).

Figura 1 – Os Determinantes Sociais de Saúde influenciam a ocorrência de problemas de saúde e fatores de risco à população diante das condições de vida de cada indivíduo e da comunidade.

 

Segundo a recomendação da prática pelo Organização Mundial de Saúde (OMS), os indivíduos com diabetes tipo 2 que são devidamente capacitados para promover habilidades de autocuidado através do maior acesso à informação e ao conhecimento sobre sua comorbidade, possuem maiores probabilidades de controlar sua doença e mudar comportamentos de forma efetiva e autônoma. Os autores do texto evidenciam, para a promoção desta prática, o uso da Educação para o Autogerenciamento do Diabetes (em inglês: Diabetes Self-Management Education and Support) como um processo de facilitar o conhecimento e habilidades necessárias para o cuidado pessoal da diabetes tipo 2. Existem 4 períodos críticos onde o profissional da atenção básica fornece diretamente o apoio pedagógico (Figura 2):

1) Pessoas recém diagnosticadas: Garantia das necessidades de educação nutricional, atividade física, uso de medicamentos (se aplicável) e saúde emocional.

2) Avaliação anual: Revisão de conhecimentos, habilidades e comportamentos necessários para manter resultados positivos de saúde; discussão sobre qualquer planejamento para gravidez; e apoio para atingir e sustentar mudanças de comportamento que foram iniciadas no momento do diagnóstico.

3) Novos fatores que dificultem as necessidades básicas de gerenciamento: Fatores sociais ou de saúde (tais como o início de doença renal ou limitações físicas), fatores emocionais ou dificuldade em atender às necessidades básicas de vida (insegurança alimentar) são identificados. Esses fatores podem exigir mudanças na forma como a pessoa com diabetes gerencia a condição diabética.

4) Mudança na situação de vida: Alteração nos membros da equipe de saúde ou na cobertura de seguro do indivíduo. Neste caso, é indicado uma reavaliação dos cuidados diários do indivíduo e, possivelmente, um ajuste ao plano de autogestão da pessoa.

Figura 2 – Períodos Críticos para avaliação da necessidade da Educação para o Autogerenciamento do Diabetes

Como conclusão, o artigo demonstra que a prática do Cuidado Centrado na Pessoa, como porta de entrada da atenção básica para os pacientes com diabetes tipo 2, possui vários efeitos benéficos, incluindo um impacto positivo na qualidade de vida, menor risco de complicações, menores níveis sanguíneos de glicose e menores custos nos cuidados com a saúde. Assim, o uso de um modelo de cuidado centrado na pessoa descrito deve girar em torno da saúde física, psicológica e social do indivíduo, respeitando suas individualidades e competências.

 

Para saber mais:

TROUT, K.K; MCCOOL, W.F; HOMKO, C.J. Person-Centered Primary Care and Type 2 Diabetes: Beyond Blood Glucose Control. J Midwifery Womens Health. 2019 May;64(3):312-323. doi: 10.1111/jmwh.12973. Epub 2019 May 8. PMID: 31066495

Determinantes sociais. Disponível em: <https://pensesus.fiocruz.br/determinantes-sociais>. Acesso em: 11/03/2021.

Organização Mundial de Saúde (OMS). Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação: relatório mundial. Brasília: OMS; 2003.

 

Thomas Tavares Bussolotti

Texto de Informação Científica elaborado para a disciplina “Teoria e Prática da Comunicação” Curso de Nutrição do Instituto de Biociências de Botucatu – UNESP