NUTRICAST UNESP – Quem ensinou ao seu filho o que ele sabe sobre alimentação?

Pesquisadoras analisam o impacto da mídia no desenvolvimento do conhecimento nutricional das crianças e o papel dos pais como moderadores da mediação alimentar.

Por Mariana Peloi

 

Um estudo realizado em Viena, Áustria, publicado pela revista Nutrients, em 2020, aponta os malefícios causado às crianças em relação ao seus conhecimentos nutricionais, devido à exposição de conteúdos apresentados na TV e na mídia, em geral. Segundo a pesquisadora Alice Binder e sua equipe, é indicado que os pais limitem a quantidade de consumo de mídia dos filhos, a fim de evitar equívocos sobre nutrição e alimentação saudável.

O artigo aponta que os principais agentes responsáveis pela construção desse conhecimento sobre a alimentação, para as crianças, são, justamente, a mídia e seus próprios pais. Dessa forma, as pesquisadoras concluíram que, apesar da grande influência que a mídia possa exercer nessa bagagem de informações das crianças, os pais ou responsáveis possuem um potencial mediador nessa relação, podendo ser crucial para parte do controle dessa influência negativa.

Filmes e programas de TV normalmente apresentam um ambiente alimentar não saudável para crianças, cheio de desinformação. Nessas cenas, comumente é mostrado o estilo de vida americano, cuja imagem é ligada ao consumo de fastfoods e ultraprocessados. É a partir deste cenário que Alice e sua equipe concluíram a alarmante informação: além do fato de que a quantidade de consumo de mídia diminui o conhecimento nutricional em crianças, os pais e/ou responsáveis possuem um potencial limitado para poder neutralizar estes malefícios. Ou seja, mesmo que os pais se esforcem para desconstruir as informações passadas aos seus filhos pela mídia, parte dessa má-informação prevalecerá na bagagem da criança.

Além disso, os adultos que impõem regras em relação à alimentação de seus filhos, de maneira vaga, sem oferecer argumentos e informações suficientes para a compreensão daquela restrição à criança, ainda podem piorar o cenário. Segundo a pesquisa, estes casos fazem com que a criança se deixe levar pela desinformação fornecida pela mídia, visto que seus pais não foram capazes de construir um conhecimento nutricional suficientemente sólido à criança.

Figura 2 – Criança em corredor de mercado, com alimentos ultraprocessados em mãos (Imagem: Mães de Peito)

Sabemos que restringir conteúdos midiáticos às crianças nem sempre será uma tarefa simples. Ainda assim, o estudo reforça a necessidade de diminuir gradativamente a relação entre o público infantil e a TV, bem outros veículos potencialmente negativos, nessa perspectiva. A desinformação nutricional em indivíduos mais jovens é grave, uma vez que a partir do conhecimento construído, serão feitas escolhas alimentares, assim como também toda a construção de um estio de vida não saudável, desde muito cedo.

 

Mariana Peloi

Texto elaborado para a disciplina “Teoria e Prática da Comunicação” – Curso de Nutrição do Instituto de Biociências de Botucatu – UNESP