Conclusões e considerações de reunião Interssan – Greve

No dia 11 de junho de 2018, como parte das atividades e debates de greve da UNESP,
membros do INTERSSAN – Centro de Ciência e Tecnologia em Soberania e Segurança Alimentar
e Nutricional – pesquisadores, professores e discentes de graduação e pós-graduação
vinculados ao Centro discutiram a conjuntura política.
Houve consenso de que a greve na UNESP tem poucas chances de ser exitosa em seu pleito,
uma vez que a direção da Universidade determinou aos diretores descontar os dias de
professores e funcionários envolvidos na greve. Foi consenso de que os estudantes não
possuem força suficiente para criar uma unidade capaz de unir a Universidade na direção do
conjunto de pautas que vem sendo discutidas interna e externamente à UNESP.
Comentou-se que a onda neoliberal é a responsável pela apatia e desmobilização que se
verifica na universidade pública e seria importante nos esforçarmos para criar novas formas de
mobilização juntamente com os movimentos organizados da sociedade que lutam contra o
neoliberalismo. E que sejam formas capazes de realizar o debate necessário sobre como
resistir a esse avanço do individualismo e, ao mesmo tempo, reverberar as pautas justas
trazidas pelos movimentos socioespaciais e socioterritoriais, uma luta que envolve o acesso
aos meios de produção e dignidade: terra, água, direitos, moradia, educação, saúde, alimento
saudável e sustentável. Tudo com base na perspectiva multiescalar do desenvolvimento local,
nacional e mundial para avançar as propostas democráticas e populares. Recuperar o conceito
de universidade como órgão público que constrói direitos na qualificação do conhecimento
através da pesquisa, ensino e extensão. Retirar as noções de universidade como empresa,
competitiva no sentido da eliminação e da exclusão.
Outro consenso foi a de que o alimento saudável e sustentável, com base agroecológica, é o
tema que pode aglutinar todas as lutas e bandeiras rumo a uma sociedade mais justa, solidária
e verdadeiramente sustentável. E que um dos caminhos pode passar pela organização de feiras
e iniciativas de comercialização da produção agroecológica local a partir das redes já
existentes, a exemplo dos NEAS – Núcleos de Estudos em Agroecologia ou por novas redes
universitárias a se consolidarem para o fim de mobilizar o debate. Eventos como cafés da
manhã agroecológicos e saudáveis também foram destacados como uma forma interessante
de mobilização das pautas de luta democrática.

 

agroecologia-ilustracao-sustentabilidade
Recentemente, aconteceram o IV Encontro Nacional de Agroecologia em Belo Horizonte, Brasil
e o VII Congresso Internacional de Agroecologia na cidade de Córdoba Espanha, ambos
realizados dias 31 de maio, 1 e 2 de junho de 2018. Estes significativos eventos destacaram e
reafirmaram o papel decisivo da luta democrática e popular, da reconexão campo cidade e do
destaque dos sistemas agroalimentares para que estes se tornem locais, saudáveis e
sustentáveis.
Ao final da atividade, foi comentado que seria interessante reforçarmos os compromissos do
“Pacto de Milão” sobre os Sistemas Alimentares Saudáveis Locais, saudáveis e Sustentáveis,
que hoje compõe uma redes mundial de cidades comprometidas com este processo. Para mais
informações sobre o Pacto de Milão, acesse https://www.anmp.pt/index.php/temas/433

 

Texto por:​ Rodrigo Moreira Machado e Bernardo Mançano Fernandes