Uso de agrotóxicos na produção de alimentos

José Otávio Mentem, presidente do CCAS (Conselho científico para Agricultura Sustentável) e professor da Universidade de São Paulo foi entrevistado pelo “Portal Dia de Campo” para discutir o uso de agrotóxicos na produção de alimentos dentro do conceito de sustentabilidade.

Esta reportagem foi realizada por Juliana Royo e logo abaixo segue partes importantes da entrevista:

Primeiramente, Menten definiu o termo “defesa vegetal” que envolve a proteção de plantas contra as pragas. Hoje as pragas são consideradas todos os agentes nocivos às plantas, envolvendo insetos, ácaros, fungos, bactérias, vírus e plantas daninhas.

Segundo Menten, infelizmente o uso de agrotóxicos é fundamental, já que vivemos em um país tropical e o clima favorece o desenvolvimento de pragas, porém esses produtos devem ser de boa qualidade e utilizados de forma adequada.

Todos os defensivos utilizados devem ser registrados e é necessário análises sobre a eficiência e a praticabilidade agronômica, estudos ambientais para verificar o impacto sobre o ambiente e estudos toxicológicos para determinar a ingestão diária aceitável de todos os produtos hoje comercializados.

Alguns produtos comercializados no Brasil podem não ser vendidos em outros lugares, pois alguns países podem apresentar pragas e culturas diferentes de um país tropical ou não apresentar uma severidade de praga igual aqui existente.

Para evitar o residual dos defensivos, os produtores devem seguir rigorosamente o que está escrito no rótulo e bula e participar de treinamentos para o uso adequado desses produtos. Um processo de verificação sistemática das boas condições dos aparelhos de aplicação é imprescindível para um bom uso do produto. Deve-se ainda obedecer a aspectos como o ambiente de aplicação, sem muito vento ou calor excessivo. Além disso, obedecer rigorosamente ao período de carência.

A revenda de produtos muitas vezes sem necessidade é antiético e o técnico que prescrever qualquer defensivo agrícola desnecessário deve ser punido ou levado a uma reciclagem para que adote procedimentos adequados.

No final do ano passado foi liberado um ranking pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)  sobre o residual de agrotóxicos nos alimentos. Neste ranking as maiores percentagens de amostras consideradas irregulares referiam se a presença de produtos em doses pequenas, mas de produtos não registrados para determinadas culturas, indicando um problema mais legal do que saúde.

No Brasil existem dois grandes programas de monitoramento de resíduos de defensivos em alimentos: A Anvisa  e o Programa Nacional de Contaminantes e Resíduos pelo Ministério da Agricultura. Este programa rastreia todas as amostras analisadas, o que permite o retorno para que ações educativas sejam feitas.

O Brasil ainda apresenta problemas com produtos não registrados, porém, como outros países, apresenta os mesmos níveis de cerca de 3% a 4% de amostras acima do limite máximo definido pelos órgãos de saúde.

Segundo a opinião de José Otávio Menten, o Brasil produz alimentos saudáveis, porém é necessária a atuação nos treinamentos para tentar zerar esses poucos casos de produtos que estão acima do limite permitido.

*José Otávio Menten, Presidente do CCAS (Conselho Científico para Agricultura Sustentável) e professor da Universidade de São Paulo.
Fonte: Portal Dia de Campo